ALDO REBELO ESTÁ COM OS PÉS NO FASCISMO




Por Leonardo Sacramento

Conheci o Aldo quando ele veio para
Ribeirão Preto, em um evento do agronegócio, quando era ministro, salvo engano, de Ciência e Tecnologia. Logo depois foi ser ministro da defesa. Nesse evento, em um local elitizado da cidade, fizemos um ato com o MST. Ele defendeu integralmente a pauta do agronegócio, chegando a dizer que o MST era uma espécie de ONG que estava sendo financiado pelos EUA. Ele envergonhou profundamente a militância do PC do B, que foi para apoiá-lo, sem saber sobre o que falaria. Em uma outra atividade do MLST, uma dissidência do MST, em que invadiram a Câmara dos Deputados, Aldo, à época presidente da casa, atuou para prender todos na Papuda. Um conhecido meu ficou preso 40 dias, sendo torturado, como Pilha. Quando deputado, foi o responsável pela alteração do Código Florestal, acusando todos os contrários de serem financiados por grandes potências, assim como faz o bolsonarismo hoje.
Aldo se notabiliza em defender os generais, que ganham dinheiro com o orçamento federal, os grandes fiadores do bolsonarismo e do genocídio policial e da Covid-19. Defende que os militares são nacionalistas, mesmo que tenham entregado a base de Alcântara para os EUA e as relações com as forças armadas e os serviços de espionagem norte-americano sejam explícitas. Ele também se notabiliza por criar uma pauta em concordância com movimentos integralistas, que, garanto, o tem em grande estima. Aldo é o nosso Policarpo Quaresma, um nacionalista acrítico, um imbecil que reproduz toda ordem de imbecilidades. No caso de Aldo, como se fossem de esquerda.
Hoje, Aldo milita em um movimento (ultra)nacionalista chamado O Quinto Movimento. Segundo esse movimento, em livro escrito pelo próprio Aldo, “o objetivo final deste identitarismo é a desconstrução da mestiçagem como expressão étnica do Brasil, que adotaria o modelo norte-americano de sociedade bicolor de pretos e brancos”. A capa desse livro consiste em Aldo olhando para cima, com pose impositiva, lembrando a de Getúlio Vargas. Como se pode ver, o discurso não é só conservador, mas reacionário, com ampla concordância discursiva de Bolsonaro e organizações da extrema-direita.
Ele continua: “o problema é que a mestiçagem no Brasil é muito mais que a promessa da raça cósmica na feliz expressão do filósofo mexicano José Vasconcelos”. A noção de “raça cósmica” foi utilizada em um Manifesto de 1929, uma das muitas dissidências da Semana de Arte Moderna de 1922. Essa dissidência, organizada no Manifesto Verde-Amarelo, foi liderada por Menoti Del Pecchia e outros, com grande impacto em... Plínio Salgado e no movimento integralista. Esse movimento defendia que a nacionalidade estava dada no tupi, um brasileiro não radical, “antijacobino”, e não no tapuia, um índio não civilizado. Por isso Oswald de Andrade, no Manifesto Antropófago, se pergunta “tupi or not tupi”. Esse movimento trabalhou ativamente no Estado Novo na perserguição a comunistas, considerado uma ideologia antibrasileira. O Manifesto Verde-Amarelo se fundamentava na “opinião bem fundamentada do sociólogo mexicano Vasconcelos”, que defendia o surgimento, “entre as bacias do Amazonas e do Prata”, da “‘quinta raça’, a ‘raça cósmica’”, que realizaria “a concórdia universal”. Portanto, Aldo está dialogando abertamente com a pauta fascista e integralista, de um manifesto feito em 1929 por fascistas que trabalhariam no Estado Novo. Aldo deu o que tinha que dar. Aldo está no fascismo. Se ele percebe ou não, é outra história. Se está senil ou não, pouco importa. Ele está se referenciando em documentos importantes para o movimento integralista.
Mas o que ganha o 247 dando voz a essa bobagem? Dando voz a um discurso fascista e integralista. Será que estão usando Aldo para evidenciar a posição que possuem, em que tudo deve ficar suspenso até 2022? O portal entrevistou alguém com posição contrária, com o mesmo tempo? A quem o 247 quer enganar?

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